Este livro constitui um conjunto de reflexões que surgiram pelo confronto hermenêu­tico entre a modernidade e a pós-modernidade, no seguimento da contemporaneidade (e utopia) que afecta o homem e a sociedade, principalmente, nas dimensões epistemológica (filosofias), ética e educativa ou pedagógica, emergindo dessas luzes e sombras com o passado recente, um novo projecto antropológico (neo-humanismo). Pretende-se que o leitor indague filosófica e eticamente as novas dimensões sobre o saber, a educação, a cultura, o agir, o comunicar, a natureza/ambiente, etc. através de uma dialogicidade descomprometida e constante, questionando o significado que a educação e a ética assumem na (des) construção do pensamento humano, perante a sociedade do conhecimento e a globalização. É nessa intermitência da retórica epistemológica sobre a ruptura da modernidade que emerge o caminho antropológico do homem e o seu estar no mundo, no contexto relacional com os outros, que os conceitos de teoria educativa e da ética (pós-dever) se delineiam.

Sabemos que a pós-modernidade surge no âmbito de uma nova cultura centrada no conhe­cimento, na educação e na inovação (digital). É neste novo contexto que vivemos uma no­va epistemologia nas áreas científi­cas, que requerem uma ética, umas formas de vida e de relacionamento humano (projecto antropológico - axiológico). Esta filosofia da desmistificação e da dessacralização impli-ca repercussões no âmbito da ética, deixan-do de existir referências aos imperativos cate­góricos. Só se dá a estrutura ou o sis­tema. Ou seja, só se permite o que se dá na realidade (relativismo, incerteza moral). Por isso, designamos a pós-modernidade como uma filosofia de sistemas ou enfoque sistémico que pressupõe uma opção alter­nativa à epistemologia mais adequada à modernidade no estudo da realidade e dos factos (narração, descrição). São esses olhares críticos cruzados (laços e entrelaços entre modernidade e pós-modernidade), de compromisso com o projecto axiológico do ser humano (sentido e direcção) e liberto das amarras do relativismo, anti-humanismos e niilismo em que vivemos, que deixamos as nossas reflexões. O projecto pessoal humano baseia-se no sentido do tra­ba­lho, no sentido do amar e no sentido da cultura. Estas bases constituem a existência do homem, na actual sociedade.