Campos Monteiro - Domus Mea est Orbis Meus
Género História da Literatura
Ano 2012
ISBN 978-989-703-041-3
Idioma Português
Formato brochura | 232 páginas | 16 x 23 cm
Também disponível em E-Book
Persistentemente se esquece o contributo singular de bons autores menores para o legado da literatura enquanto auto-interpretação do Homem e reconfiguração das suas formas históricas de existência, ao mesmo tempo que se desperdiça a sua representatividade no que toca aos sistemas de valores dos estilos epocais e às características temático-formais dos textos que periodologicamente os ilustram. Remetidos, na melhor das hipóteses, para o “purgatório” da memória literária, por vezes alguns desses bons autores menores encontram todavia leitores que, com generosa lucidez, os consideram antes “justos” da escrita literária que mereceram o benefício de se acolherem ao “limbo” e de nele aguardarem o resgate que os traga, se não à “comunhão dos santos” eleitos para a evidenciação no cânone nacional, ao menos à reinserção e renomeação nos cânones geracional e regional. A obra agora publicada por José Eduardo Firmino Ricardo sobre Campos Monteiro começa por corresponder a este entendimento da contingência e da mobilidade dos cânones e da sua interferência nos juízos de valor que a crítica e a historiografia literárias vão formulando, para os induzir nas instâncias editoriais e no horizonte de recepção dos leitores comuns; e, consequentemente, cumpre aquele gesto de resgate com sério trabalho de pesquisa, inventário, recolha e revisitação interpretativa da obra versátil do escritor prolífico. ------------------- Abílio Adriano de Campos Monteiro (1876-1933) exerceu, imbuído de uma cultivada e singular personalidade axiomática no desarranjado dealbar do século XX, o que hoje comummente se apelida de cidadania ativa. Ocupou, também, um proeminente lugar nas letras portuguesas, manifestando-se através de uma profícua e combativa crónica jornalística, para além de percorrer, com invulgar sucesso, os vários modos literários. A primeira parte da sua produção romanesca exortou os valores adjacentes a um programa neorromântico, através do díptico “Os Dramas de Ontem”, onde se inserem os romances Miss Esfinge e Camilo Alcoforado. Tentou-se depois na construção de um inacabado tríptico “A Comédia de Hoje” , pujante e criticamente realista, com As duas paixões de Sabino Arruda, onde podemos ver também o insofismável ethos satírico do autor, decorrente, em grande parte, do seu carismático Saúde e Fraternidade.