O Sentir Cigano no Ensino Recorrente. Da escola e trabalho ao bem-estar subjetivo
Género Educação. Ensino. Pedagogia. Ética
Ano 2017
ISBN 978-989-703-163-2
Idioma Português
Formato brochura | 180 páginas | 16 x 230 cm
Testemunhos, constantes da obra, de pessoas de etnia Cigana entrevistadas pela autora:
Vim para a escola porque era completamente cega. Eu via, mas não enxergava. Não conhecia uma letra e tinha pena de não saber nada, nem mesmo o meu nome fazer. Hoje é diferente. Vejo uma luz. Conheço as letras e já consigo ler alguma coisa e faço o meu nome. Sou feliz e vou assinar com a minha mão, sem ajuda de ninguém.
São 63 primaveras (…) mas que bom é ir à escola e comigo levar a sacola. Apetece-me gritar a toda a gente; venham comigo aprender a conviver, a sorrir e a cantar (…) todos juntos, aprendemos a conjugar o verbo amar.
Eu vivo no bairro do Ingote. O Ingote é uma miséria porque há muita gente na droga. Eu gosto muito deste bairro porque tenho muitos amigos.
Eu vim para a escola porque estou a receber o Rendimento Mínimo Garantido (…) Tenho um menino de três anos mas vivo em casa da minha mãe. Não tenho marido porque ele arranjou uma amante e deixou-nos. Isto para mim é uma grande ajuda.
Andei no ano passado na escola. Este ano voltei. Eu tenho pena de não ter vindo antes, ao menos 5 ou 6 anos atrás. Se para o ano houver, eu volto outra vez. Gosto dos bocadinhos que aqui passo. Nunca tenho pressa de me ir embora para casa. Passava cá a tarde toda e até parte da noite.