Livro de Sophia
Género Poesia
Ano 2008
ISBN 978-972-8999-58-2
Idioma Português
Formato brochura | 44 páginas | 17 x 17 cm
"Neste poema que não é poema", Álvaro Alves de Faria continua "a colher as últimas palavras" na poesia dos poetas portugueses - essa que escolhe como a sua tradição última, em que o nome de Sophia de Mello Breyner também se inscreve, - para, mais uma vez e a exemplo de todos os seus livros já publicados em Portugal, procurar a forma do poema que é, nas suas próprias palavras, "um risco de silêncio". Autor de Palavra de Mulher (S.Paulo: SENAC, 2003), uma marcante colectânea de vinte entrevistas em homenagem a outras tantas escritoras brasileiras, este texto, dirigido a uma das mais reputadas escritoras portuguesas, reafirma a continuada admiração deste poeta e jornalista brasileiro pela escrita e/ou a diferença de um território, a partir do qual, reconhece, jamais poderá articular. Num tom coloquial, entre a epístola e a prece, Faria fala para Sophia, no dia em que ouve o anúncio do falecimento desta poeta portuguesa. Percorrendo mais um caminho metapoético no espaço excessivo da infinita possibilidade de articulação por dizer, nesse espaço sempre em aberto, Faria busca uma possibilidade de reterritorialização: através do espaço das palavras, com e no espaço das palavras, para "uma poesia que não é e que não sabe". Filho de portugueses, esta busca apresenta-se, inevitável e simultaneamente, como uma reinvenção identitária e poética ("para renascer em mim o ser que um dia me habitou") - lembrando Sophia, a lembrar Caeiro, num "poema que não é poema", "que se nega como poema". No estilo eminentemente paradoxal a que Faria já nos habituou, emerge, perante a morte e o silêncio (o lugar da infinita possibilidade), uma poesia de luz, "um baque", um evento, a testemunhar o carácter nómada e sempre incompleto de uma escrita que nada "acrescenta em sua forma" ao poema, mas que, por isso mesmo - nesse "nada que salva" a escrita e/ou o poeta - afirma o devir da poesia da língua portuguesa, "como se lhe fosse possível existir", para morrer ainda e, de novo, renascer. "Procuro-me em Portugal/e vejo-te morta" - daqui, deste primeiro verso do Livro de Sophia, se faz o trabalho para um (re)nascimento da escrita e do poeta.