Nascido em El-Biar (Argélia) em 1930, Jacques Derrida é um dos maiores filósofos da história da filosofia e, num dizer de Ricoeur datado de 2004, «o pensador mais criativo do nosso tempo» – o seu nome está ligado à Desconstrução, um pensamento de recorte aporético que, no reiterado dizer do próprio filósofo, está sempre do lado do sim, da afirmação da vida – e, portanto, incondicionalmente do lado da justiça, da invenção e do porvir. Professor convidado de diversas universidades norte-americanas a partir do Outono de 1968 (Johns Hopkins, Yale, Irvine, New School for Social Research, Cardozo Law School, New York University), sucessor da cátedra de Gadamer na Universidade de Heidelberg por designação do próprio filósofo alemão, J. Derrida foi Director de Estudos na École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, onde ensinou até ao seu falecimento, em Outubro de 2004, e é autor de uma obra imensa a que entretanto se junta a edição em curso dos seus Seminários (um corpus vastíssimo constituído por umas 14 000 páginas impressas que se estima virem a corresponder a uns quarenta e três volumes) que, para além de desvelarem o incomparável rigor da «palavra professoral» do filósofo – que escrevia sempre os seus seminários –, e a intensidade da sua paixão pelo ensino, trarão seguramente, no dizer da «Introdução Geral» do seu primeiro volume editado, «incomparáveis complementos à obra publicada» [J. Derrida, Séminaire La bête et le souverain. Volume I (2001-2002), M. Lisse, M-L Mallet e G. Michaud (ed), Galilée, Paris, 2008, p. 11]. Uma obra imensa que, a partir da singularidade e da hiper-radicalidade do seu pensamento (que o filósofo distingue singularmente de filosofia dando-lhe um recorte irredutivelmente aporético que, aliás, se dá a ouvir na sua própria designação: des/construção), repensa todas as áreas do saber e das artes repensando também as diversas áreas que tradicionalmente compõem a filosofia (ontologia, ética, estética, filosofia política, …), incluindo a própria filosofia, e da qual, entre nós, se contam traduzidos os seguintes títulos – um quase nada que põe a nu o tanto que, para nós, há a fazer no horizonte temporal de uma União Europeia em formação e de um mundo dito em mundialização onde a única língua admitida só pode mesmo ser a da «tradução»: «A estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciências humanas»; Posições; Margens da Filosofia; O outro cabo; A voz e o fenómeno; «Fé e saber»; De um tom apocalíptico adoptado há pouco em filosofia; Cosmopolitas de todos os países, mais um esforço! ; O monolinguismo do outro; Véus… à vela; «A língua do estrangeiro – Discurso de recepção do Prémio Adorno em Frankfurt; Che cos’è la poesia? ; Da hospitalidade; A Universidade sem condição; Força de lei; Políticas da Amizade; O soberano bem; Sob palavra. Instantâneos Filosóficos; Morada. Maurice Blanchot; «Auto-imunidades: Suicídios reais e simbólicos»; Aprender finalmente a viver; Carneiros. O diálogo ininterrupto: entre dois infinitos, o poema.F.B.