O poeta brasileiro da Geração 60, autor da Palimage, Álvaro Alves de Faria, que vive em São Paulo, foi distinguido com dois dos mais importantes prêmios literários do Brasil, na área da poesia, pelo conjunto da obra.
Inicialmente recebeu o “Prêmio Poesia e Liberdade Alceu Amoroso Lima” e agora o “Prêmio Guilherme de Almeida para Poesia”, que será entregue em junho em sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo.
Dois prêmios de reconhecimento da obra de um poeta que escreve desde os 11 anos de idade e que vem anualmente a Coimbra para lançar livro, e à Salamanca para participar dos Encontros de Poetas Iberoamericanos, organizados pelo poeta peruano-espanhol, Alfredo Pérez Alebcart, professor da Universidade de Slamanca que, em 2007, foi em sua homenagem.
Alceu de Amoroso Lima (1893-1983), que dá nome ao Prêmio “Poesia e Liberdade”, foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros, que adotou o pseudônimo de Tristão de Ataíde. Escritor, crítico literário, professor universitário de Literatura, sempre se envolveu nos movimentos políticos e nas questões sociais do Brasil. Sua obra notabilizou-se com as duras críticas que fez à censura e transgressões do regime militar que se implantou no Brasil em 1964. Em vida, ministrou cursos sobre civilização brasileira em universidades estrangeiras dos Estados Unidos e também na Sobornne, em Paris. Em 1935 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Guilherme de Almeida (1890-1969), por sua vez, era chamado de “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Foi um poeta notável, tradutor de nomes important4es da literatura universal, como Charles Baudelaire. Também, escreveu ensaio literários. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, que mudou a literatura brasileira. Em 1930 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Juntamente com outros poetas e escritores - entre eles Alceu de amoroso Lima - Guilherme de Almeida foi um dos líderes da renovação da Academia. Foi membro do Seminário de Estudos Galegos de Santiago de Compostela, na Espanha, e do Instituto de Coimbra em Portugal. Ao mesmo tempo integrava o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Participou da Revolução Contitucionalista de São Paulo, em 1932, e por esse motivo esteve exilado por longo tempo em Portugal.
O poeta brasileiro Álvaro Alves de Faria, uma das vozes mais significativas da poesia brasileira atual, diz que se sente honrado com os dois prêmios.
Explica: “Sempre fui um militante da poesia. Sempre dei tudo de mim. Vivi até agora em função da poesia de meu país, da qual me tornei uma espécie de dissidente, tal a mediocridade que cresce cada vez mais na cultura de meu país, atingindo a poesia de maneira brutal, com livros inconsequentes que nada têm a ver com a poesia verdadeira, aquela feita para a vida do homem. Não estou generalizando. Nunca generalizaria, porque em meu país, o Brasil, existem grandes poetas que, infelizmente, são vítimas de uma crítica e de um jornalismo cultural que prima pela sordidez. Por esse motivo, dediquei-me por 15 anos à poesia de Portugal. Fui buscar em Portugal, terra de meus pais, a poesia que me falta no Brasil. Tenho a sensação de que me salvei. Então vejo nesses dois prêmios a mim outorgados um reconhecimento de uma vida inteira dedicada a poesia séria e honesta em todos os sentidos e princípios que a própria poesia exige”.