PANDEMIA – 27 Poemas Brasileiros
Género Poesia
Ano 2021
ISBN 9789897032707
Idioma Português
Formato Capa mole | 64 páginas | 14,8 x 21 cm
A tragédia e a grande poesia anunciada,
de Álvaro Alves de Faria
Aqui o poema nasce no coração que para.
O poeta e jornalista Álvaro Alves de Faria, assim nos revela na poesia cortante, qual uma adaga que fere e assombra. Neste impactante livro PANDEMIA 27 POEMAS BRASILEIROS, não há espaço para construções linguísticas, diz o poeta, pois os mortos não têm o tempo para morrer e a poesia está a serviço das dores mais fundas, dos horizontes sem lua, das respirações ofegantes e do chiado da asma dos incrédulos.
Já no segundo poema, OS GAFANHOTOS – a oitava praga do Egito – as nuvens dos repugnantes insetos qual a passagem bíblica, representam o vírus ora presente que nos envolve, mata, e nos cala na solidão das casas fechadas. “ Percorrem as cabeças mortas / empilhadas no corredor / onde homens de branco falam palavras mudas / e mulheres carregam seringas para as camas.”
O poeta nos induz ao apocalipse. O fim do mundo brasileiro, que tem por infeliz destino um “rei”, um comandante cínico que joga propositadamente seu país/navio contra os rochedos, e se regozija com a matemática crescente do morticínio. “ Faz um discurso e bebe um copo de leite nazista” E o “rei” diz, a dar de ombros “ e daí?”
Enquanto as mãos vazias acenam para o nunca mais, sem a despedida solene das exéquias, “ as pequenas cruzes azuis” estão “ a marcar um lugar qualquer / no mapa brasileiro da enorme solidão”. Nestes poemas, tudo é desalento e verdade. “ As coisas se partem como se caíssem de uma mesa/ e tudo se derrama como soluços derradeiros/ que escorrem da boca”.
No poema 27, o poeta Álvaro parece nos dizer que está asfixiado pela dor do mundo.
Contudo, nos revela imenso na grandeza de sua humana poesia, que remete àqueles mais desvalidos. Os habitantes do sereno frio da cidade, que tossem sob o concreto dos viadutos. As inúmeras mulheres órfãs, aqui representadas por uma Magaly qualquer, que choram nas portas das igrejas e “ que se nega a continuar sem ti”, o seu marido de triste fim. “ Vitima dos gafanhotos voadores verdes / quando trabalhava na tua oficina/ e não sabias dessa dor mais próxima / apesar de teu medo”.
PANDEMIA, 27 POEMAS BRASILEIROS, é, sem dúvida, a obra que melhor traduz poeticamente o momento dramático no qual nos afundamos e tentamos submergir. Alta e pura poesia. E, apesar do poeta tentar não se deter aos valores estéticos, as melodias mais tristes perpassam seus versos de rara imaginação e de extraordinária e pungente beleza.
Denise Emmer
Poeta e musicista - Rio de Janeiro
Álvaro Alves de Faria escribe sobre una pandemia que ha generado meses de un dolor inabarcable, sin adentrarnos en las durísimas penurias económicas que muchos vienen padeciendo, especialmente en su Brasil, donde un líder inepto propaga sandeces mientras aumenta el calibre de la sinrazón. Poeta notable y siempre a contracorriente, Faria desata su fraternidad y ofrece su voz a los congéneres que padecen los estragos de la enfermedad o de las carencias sanitarias. Que otros sigan con su silencio en bruto, pero Faria opta por donarnos versos doblemente verdaderos y contundentes, propicios para nutrirnos con ciertas porciones de esperanza.
Alfredo Pérez Alencart
Universidad de Salamanca